Sábado, 2 de maio de
2020
Querido diário,
Estamos, hoje, no
quadragésimo oitavo dia de quarentena, o último do estado de emergência. Apesar
de o estado de calamidade pública ser semelhante ao de emergência, temos, pelo
menos, um sinal do que tudo está a melhorar. Ou talvez não…
Há alguns dias,
contei-te que a população começou a desrespeitar as regras, principalmente nas
grandes cidades. Agora, eu própria consigo perceber que o número de pessoas nas
ruas é cada vez maior. No início do isolamento, as ruas estavam desertas, não
se ouvia o barulho dos automóveis, nem das conversas das pessoas. Hoje, ouve-se
continuamente pessoas a falar na rua, e o barulho dos automóveis é praticamente
o mesmo dos dias normais.
Vi, nas notícias, um
caso bastante semelhante ao de Portugal: em Hokkaido (ilha japonesa), o estado
de emergência foi levantado e as pessoas voltaram às ruas; um mês depois,
verificou-se um segundo surto de Covid-19, que levou à reposição do estado de
emergência, fechando outra vez todos em casa. Cada vez mais, há sinais de que o
mesmo acontecerá em Portugal; e o mais revoltante é o facto de termos vários
exemplos, de outros países, que nos provam que não se pode dar ao vírus o
benefício da dúvida e, mesmo assim, a população portuguesa teima em desrespeitar
as medidas do governo, que são constantemente relembradas pela comunicação
social.
Sei que tenho vindo a
ser repetitiva em relação a este assunto, mas penso que a atitude que os
portugueses (em geral) têm vindo a tomar é extremamente egoísta. Inicialmente,
sentia-se um maior espírito de união, contudo, depois de tanto tempo em casa,
as pessoas preferem aproveitar para passear, mesmo infringindo as regras, a
adiar esse passeio para quando o pudessem fazer devidamente. A união foi, na
sua maioria, substituída por egoísmo.
Maria João Fontão
(11ºC)
Querido diário,
Ontem e hoje estive bastante ocupada com um
trabalho de filosofia sobre “Estética e Filosofia da Arte”. Foi um trabalho
longo, complexo e minucioso.
A arte é uma dimensão humana, muito ampla, que tem
vindo a acompanhar a evolução do Homem e da sociedade. Desde as pinturas
rupestres até ao design digital, a
arte sempre foi importante e sempre fez parte do dia-a-dia das pessoas. Existem
imensos tipos de arte, como a música, o teatro, o cinema, a escrita (poemas,
livros…), a dança, a pintura, o graffiti,
a arquitetura, o artesanato, a escultura… que preenchem a nossa vida e na
maioria das vezes, excetuando, por exemplo, uma ida a um museu, não associamos
a este conceito.
Percebi, com esta pesquisa profunda, que a arte
pode ser abordada como uma produção humana, autêntica e original, um reflexo da
sociedade, uma expressão de “novos modos de ver” e de sentir, um produto da
atividade humana e uma forma de comunicação. A arte é um produto cultural,
sendo produto de uma sociedade, época e conjugação de vivências, valores,
ideais, circunstâncias. Nesta perspetiva, a arte é um meio de expressão,
reflexão, transmissão de sensações e emoções, crítica para a mudança de
mentalidades, interpretação da realidade e perceção estética.
Daí existirem, ao longo dos anos, novos tipos de arte até então impensáveis. E é através dela que nos conhecemos, bem como a nossa
vida e o mundo que nos rodeia.
Marina Peixoto (11ºD)
Este tempo… dia 50
2.Maio.2020
There is a crack in
everything / That’s how the light gets in
Hoje, voltei a Leonard Cohen. E voltar a Leonard Cohen é, para mim,
voltar a Anthem. É na nossa
imperfeição que a vida quer acontecer. Sem dúvida que uma parede sem fendas
não deixa passar a luz. Será nas brechas que continuamente (e, neste tempo, de
um modo particular) se abrem na nossa vida que a luz entra. E nos faz
(re)olhá-la. E (re)começá-la. A cada dia.
Margarida Corsino