Terça-feira, 19 de maio
de 2020
Querido diário,
Estamos, hoje, no
sexagésimo quinto dia de quarentena. Vivemos num período de incerteza (ainda
que reduzida pelos planos de desconfinamento). E esta incerteza dá lugar a mais
uma das características humanas – o pessimismo.
Uns mais que outros,
penso que todos nós sejamos pessimistas. No meio de toda esta confusão, há
sempre dúvidas: não sabemos se as medidas de desconfinamento são as mais
apropriadas, uma vez que este vírus ainda é novo na comunidade científica, pelo
que ainda há muitas incógnitas acerca do mesmo. Toda esta incerteza desperta o
nosso lado pessimista: mesmo sendo bombardeados com a frase “Vai ficar tudo
bem”, será que vai mesmo? Será que esta situação durará muito tempo? Como
ficará a economia mundial depois da recessão? Enfim, para todas estas questões,
a resposta que parece ser a mais provável é negativa. Até que as consequências
deste problema deixem de ser sentidas, será preciso tempo, muito tempo. E saber
que teremos de esperar tanto tempo para que realmente tudo esteja bem é
desanimador, o que faz sobressair o pessimismo desta situação.
Mesmo
assim, é necessário que combatamos o nosso próprio pessimismo – afinal,
encarando este problema de forma pessimista ou não, as consequências serão as
mesmas. Como tal, é preferível que nos mantenhamos minimamente felizes, para
que defrontemos esta situação de forma um pouco mais positiva.
Maria João Fontão (11ºC)
Um outro tempo – 19.maio.2020
Depois da quarentena, as aulas presenciais
Hoje recomeçámos as aulas, dizem. Como será possível
recomeçar algo que nunca chegou a terminar? Hoje pusemos a coragem em
prática, saímos à rua e tentámos seguir o caminho que nos leva ao futuro. Hoje
não tivemos medos nem inibições, mas a esperança de que amanhã será melhor. Hoje vivemos um misto de sentimentos. Sentimos que, de
certa forma, voltámos a ter parte da liberdade que tínhamos antes, o contacto
com os colegas e com o ambiente escolar. Foi muito bom.
Este dia foi diferente, foi estranho... Contudo
podermos voltar a ver os nossos colegas foi ser a ave que voa do ninho. Foi
também o percebermos que não podemos ter
ansiedade ou medo do covid, embora persista alguma dúvida no
processamento de um regresso a uma nova "normalidade", porém sabemos
que com medo a "normalidade" não existe e a vida fica suspensa. Ainda
estamos imersos num ambiente onde o medo, a ansiedade e o silêncio proliferam. Medo, ansiedade e
insegurança que pautaram este dia no qual a linguagem do olhar foi a tónica
dominante.
E apesar de pairar um misto de emoções como medo, nervosismo e até mesmo
saudade, não saber o que nos esperava afligiu-nos mais, mas acreditámos que não
poderia ser mau. E não, não foi. Foi bom voltar à escola. Esta foi uma nova
etapa, foi uma infelicidade feliz. Permitiu que a ansiedade e o medo
causados por estes tempos tão negros se diluíssem mal vimos os nossos amigos. Após
a clausura não há nada que melhor ilumine os dias cinzentos do que descer a
avenida num dia de sol e poder ver as caras de quem nos acompanha e alegra há
tanto tempo, sejam professores, colegas ou funcionários. Depois de termos
chegado à escola sentimo-nos felizes por voltar a conviver com os professores e
com os colegas. Parece que a nossa vida está, aos poucos, a voltar e a
esperança de vencer este inimigo invisível a surgir. Vivemos uma felicidade
ansiosa.
Hoje foi ainda sentir a ansiedade de ver tudo
isto retroceder e que essa pudesse ser a nossa nova realidade. Mas mesmo
assim
pudemos constatar que medo e felicidade conseguem andar de mãos dadas, embora
sentíssemos a estranheza de parecer que nos
estamos a conhecer todos de novo e de não sabermos o que podemos ou não fazer…
Não há dúvida, hoje foi o dia para quebrar o medo. O primeiro passo para
uma adaptação a algo que, durante algum tempo, fará parte da nossa vida.
Será este um
recomeço? Uma coisa é certa, o tempo antigo não é! Uma fila no portão à espera
de máscara e desinfetante, um labirinto até chegar à sala e aquele sentimento
de barreira que construímos à nossa volta com a vontade de a quebrar que nos
recorda aquele muro erguido em Berlim que separava laços de amizade e famílias....
Será que algum dia o vamos também quebrar?
Temos outra certeza - as aulas presenciais foram
libertadoras. É muito melhor ter aulas presenciais do que aulas atrás de um
ecrã.
Hoje, depois de dois meses de quarentena, foi bom ter a felicidade
de ver o olhar daqueles com quem partilhamos grande parte de nós, foi soltar o sorriso
mais sincero foi o voltar um pouco à rotina.
Os alunos do 12.ºB
19 de maio de 2020
Ir de casa até à escola foi o
caminhar pela ansiedade, pelo medo, pela incerteza. Mas, eis que chego ao
portão da escola e, nesse imediato, vivo a primeira certeza. De seguida, as
conhecidas vozes carinhosas fazem-se ouvir, embora as palavras pronunciadas sejam
algo estranhas: “ó lindo, olha a máscara”, “ó filha desinfeta as mãos”, “linda,
segue as setas” … por entre palavras e olhares quentes e doces caminhamos até à
sala de aula.
Neste espaço foi tanta a
estranheza como a alegria. O uso da máscara, a higienização, o distanciamento
foram os sintomas da anormalidade que teimava ficar. Não venceu, porque o
primeiro sorriso escondido pela máscara estalou e os olhares enternecidos pelo
ambiente escolar marcaram presença e proporcionaram uma aula profícua.
Lurdes Silva
Querido diário,
Hoje foi diferente. O regresso à escola implicou o
triplo da atenção. Manter a distância de segurança, não tocar na máscara,
desinfetar as mãos. É todo um tempo de adaptação às novas regras, à nova
realidade, à nova normalidade.
Talvez ainda seja preciso mais atenção do que
aquela que eu vi hoje. Talvez nem todos tenham cumprido rigorosamente com o que
foi pedido. Talvez estejamos todos um pouco desorientados no meio disto tudo.
Ou talvez, apesar dos inúmeros alertas, não tenhamos tomado consciência de que
estamos a infringir ligeiramente isto ou aquilo, porque era algo absolutamente
banal.
Sinceramente, acho que podia ter sido melhor, mas
tenho que valorizar o esforço de todos, alunos, professores, funcionários,
direção da escola, em cumprir com as normas de segurança individuais e
coletivas.
“O sucesso é a soma de pequenos esforços repetidos
dia após dia!”
Marina Peixoto (11ºD)