sábado, 17 de outubro de 2020

 

Nestas aulas iniciais de Cidadania e Desenvolvimento, das turmas C e D do 12º ano, temos vindo a refletir sobre a liberdade. Onde me leva? O que me permite? A que me obriga? Obriga???

Ficam três textos numa reação à afirmação: Sou livre!


Sou Livre!

 O “Mundo” a que os seres humanos chamam casa, o planeta Terra, abunda em diversidade cultural, política ou étnica. Consequentemente, até o significado da palavra “Livre”, que nos parece ser tão universal, assume significados distintos.

No mundo ocidental, onde o sistema democrático é usual, ser livre implica poder escolher, poder criar sem restrições, poder falar, mas, também, para com os outros e até nós próprios, ser tolerante, ser sensível, pensar ou evoluir.

Embora na teoria esta ideia do que é ser livre pareça muito positiva, na prática a mesma veste-se de um tom diferente e escuro com maior intensidade em certas partes do mundo. Há liberdade para a descriminação? Liberdade para tirar a liberdade a outra pessoa? Liberdade para enganar? Liberdade para enjaular a mente de um povo?

De repente, a afirmação “Sou Livre!” desaparece. Dilui-se numa realidade tão complexa e medonha que nos faz deixar cair a cabeça, defrontando o chão frio, solitário, ignorante, em que só ele existe.

Fernão Veloso (12ºC)

 

 Sou livre…

“Direito à liberdade…” faz parte de alguns dos artigos da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Este documento, que infelizmente não se tornou lei obrigatória a nível mundial, mas apenas uma referência que se deve seguir, zelando para que TODOS saibam, lutem, desfrutem e pratiquem os seus direitos enquanto seres humanos, não é ainda um modelo seguido por todos os países.

Eu, cidadã portuguesa, ou seja, habitante de um país desenvolvido, tenho vivido no progresso face a um passado opressor onde não se avistavam estes direitos. Contudo, estou bem ciente que aqui ao meu lado está alguém que não sabe e/ou não usufrui da sua liberdade. É uma violenta realidade muitas vezes ignorada, por, em grande parte, se tratarem de pessoas mais desfavorecidas de países subdesenvolvidos e em desenvolvimento.

Uma parte da sociedade, incluindo certos chefes de estado que implementam regimes ditatoriais ou alheios às necessidades da população, é preconceituosa, racista, egoísta e egocêntrica e quer aproveitar a sua liberdade. Todavia, acaba por limitar a dos que a rodeiam, isolando-os, “prendendo-os”, ou atentando contra a sua integridade física e psicológica.

Serei livre? Viverei eu corretamente a liberdade?

Sim! Considero-me livre em muitos sentidos e direções. Talvez os meus pais “cortem” alguma dessa liberdade, num bom sentido, mas, genericamente, gozo dela.

Sou livre para falar e opinar corretamente, tendo em atenção os sentimentos e respeitando as opiniões dos outros. Sou livre para me informar acerca de tudo, explorar mais e mais, descobrir conteúdos novos, desenvolver as minhas capacidades e, assim, pensar ativa e assertivamente. Sou livre para ser quem eu quiser, reconhecendo as minhas habilidades e aquilo que de melhor posso dar ao mundo, aprender infinitamente, sonhar com os pés bem assentes na terra e fazer as minhas próprias escolhas (profissionais, religiosas, políticas…) de modo a viver com um propósito e não ser apenas mais uma. Sou livre para agir em qualquer circunstância, excetuando aquelas que ultrapassam os meus conhecimentos e competências, aproveitar cada momento como se fosse o último e procurar a felicidade. Sou livre para me relacionar de forma construtiva com qualquer pessoa, independentemente do sexo, raça, cor religião, idade ou profissão, ter amigos com quem crie memórias e laços inesquecíveis e viajar à volta do mundo, partindo à descoberta do desconhecido. Sou livre para experienciar todos os sentimentos existentes, alegria, tristeza, amor, solidão, (com)paixão, angústia, ternura, raiva, afeto, desinteresse, confiança, frustração, esperança, preocupação… I’m free

Isto até parece perfeito e cliché, porém, considero que nós próprios construímos a nossa própria liberdade à medida que vivemos cada dia como mais um degrau nesta escada ascendente até ao último segundo da nossa vida.

Então, a nossa liberdade não só depende do outro, mas também implica um bom relacionamento com o próximo, para que, juntos, desenvolvamos e lutemos pelo bem-estar, progresso e liberdade comuns.

Marina Peixoto (12ºD)

 

Sou livre

Hoje em dia, em vários países do mundo, como acontece em Portugal, somos livres de dar a nossa opinião sobre vários assuntos associados à política, sobre certas atitudes que acontecem à nossa volta e até mesmo sobre determinadas pessoas. A meu ver, esta “ilusão” de liberdade é alimentada pelo grande poder dos meios de comunicação. Mas, será que somos verdadeiramente livres?

Desde a antiguidade, vários filósofos refletiram sobre esta célebre questão, concluindo que a liberdade é relativa. Será que somos livres porque vivemos num regime democrático, ou será que a liberdade está mais relacionada com o nosso pensamento e com o interior? No meu ponto de vista, a liberdade não está de qualquer modo relacionado com o que podemos ou não fazer, uma vez que, como seres humanos, sempre tivemos a oportunidade de fazer tudo o que nos apetecer, compreendendo que, no futuro, teremos de lidar com as consequências das nossas ações.

Certamente que, em determinadas situações, como em casos de pessoas com graves problemas de saúde, tal liberdade é retirada, impossibilitando-as de ter a escolha entre fazer ou não determinada coisa. Apenas nestes casos, onde tal escolha é negada, podemos afirmar que não somos livres.

Em conclusão, respondendo à pergunta inicial, na minha opinião, o ser humano na maioria das situações é verdadeiramente livre, não devido ao nosso contexto histórico-cultural, regime político, nem à nossa educação, mas sim, devido ao facto de sermos livres de escolher, sendo a escolha o alicerce do conceito de liberdade. Ser livre não é poder fazer tudo sem ter qualquer consequência, é ter a oportunidade de escolher fazer algo ou não.

(Fábio Rodrigues 12ºC)