quarta-feira, 11 de novembro de 2020

Fernando Pessoa tem estado presente nas aulas de Português do 12ºC. 

E tem sido bem recebido.

Aqui ficam algumas provas...



As pessoas de Fernando Pessoa

Neste cartoon estão apresentadas cinco figuras masculinas, de chapéu. No centro, está ilustrado um homem de fato, maior que os outros, a segurar uma mala por onde estão a sair as outras quatro figuras por fios. No lado esquerdo, está desenhado um homem de fato, sentado a escrever um livro de título “Livro do Desassossego” e um homem de jardineiras, com algo na boca e a segurar um báculo. No lado direito, observo o único homem sem bigode e outro sem óculos, mas com um monóculo e a escrever “Ode triunfal”.

Na minha opinião, este cartoon relaciona-se perfeitamente com Fernando Pessoa, na medida em que apresenta quatro dos seus heterónimos. A meu ver, o homem no centro deve representar o próprio Fernando Pessoa, uma vez que num documentário visto em aula aprendi que o autor ia para todos os lugares com uma arca cheia de folhas escritas por ele; logo, faz sentido que os seus heterónimos saiam de lá. O primeiro homem poderá simbolizar Bernardo Soares, um semi-heterónimo que escreveu o “Livro do Desassossego”. A segunda personagem poderá representar o poeta bucólico Alberto Caeiro, que terá nascido em 1889 e falecido em 1915, que viveu quase toda a sua vida no campo e redigiu os livros “O Guardador de Rebanhos”, “O Pastor Amoroso” e “Os Poemas Inconjuntos” e que foi considerado pelo próprio Pessoa como sendo o seu mestre. O primeiro homem do lado direito deverá retratar o poeta clássico Ricardo Reis, que nasceu em 1887, faleceu em 1936, foi discípulo de Alberto Caeiro, aparecia quando Fernando Pessoa estava cansado ou sonolento e que foi caracterizado por ele como “um pouco mais baixo, mais forte e seco que Caeiro e usando a cara rapada”. Por fim, a última figura poderá retratar Álvaro de Campos, que nasceu em 15 de outubro de 1890 às 13:30h, usava um monóculo, escreveu “Opiário” e “Ode triunfal” (como está representado no desenho) e foi o heterónimo que mostrou mais evolução nas correntes literárias, visto que passou por três fases: a decadência, a luz e a tristeza.

Portanto, todos eles podem ser identificados e reconhecidos no cartoon através de objetos e/ou elementos caracterizadores das suas personagens: Bernardo Soares pelo livro “Livro do desassossego”; Alberto Caeiro pela vestimenta de pastor e o báculo; Fernando Pessoa pela sua arca (ou mala); Ricardo Reis pela ausência de bigode e Álvaro de Campos pelo seu monóculo e o livro “Ode triunfal”.

Fernando Pessoa, nascido em 1888 e falecido em 1935, foi um poeta português de temperamento instável e depressivo, que não suportava ficar sozinho por imposição e que dedicou toda a sua vida a criar outras vidas.

cartoon e texto de Lara Araújo (12ºC)




Telma Oliveira (12ºC)




A Vida De Pessoa

Fernando Pessoa, poeta muito conhecido na literatura portuguesa, mas, tal como Cesário Verde, também não foi devidamente reconhecido no seu tempo.

No dia 13 de junho de 1888, dia de S. António, por volta das 15 horas, Fernando Pessoa nasce na cidade de Lisboa. Por ter nascido neste dia, teve como segundo nome António, sendo registado como, Fernando António de Nogueira Pessoa.

Durante anos, a vida do poeta foi uma constante mudança, mas o que não mudava era a sua obsessão pelas letras e a compulsividade de escrever. Podemos dizer que Fernando Pessoa tinha várias personalidades e para cada uma elas criava uma identidade dando-lhes vida. Porém, como a sua poesia não era admirada pelo público, Pessoa  teve vários empregos:  tradutor - a língua inglesa era praticamente a sua língua materna -, publicitário -criando, inclusive, o 1.º slogan publicitário para a venda da Coca-cola em Portugal: “Primeiro estranha-se, depois entranha-se”.

Fernando Pessoa morre a 30 de novembro de 1935, no hospital de São Luís dos Franceses, em Lisboa, com o diagnóstico de Cirrose Hepática, mas, após a sua morte, o povo português apercebeu-se do tesouro que os seus poemas eram e, hoje, damos o devido valor e o devido respeito à sua obra literária.

 cartoon e texto de Mariana Gonçalves Oliveira (12ºC)



Fernando Pessoa – a minha autobiografia

Foi no dia 13 de junho de 1888 que eu, Fernando António Nogueira Pessoa, nasci. E não houve melhor dia do que esse, o de Santo António, padroeiro de Lisboa, o meu lar, a cidade que amei mais do que tudo. Modéstia à parte, acho que todos vós sabeis quem sou: Fernando Pessoa, sim, aquele escritor, aquele que inventou muitos escritores. Chega a ser irónico o meu apelido ser “Pessoa”: eu não sou só eu, eu sou muitos eus, muitas pessoas diferentes, bem diferentes, mas igualmente importantes. Afinal, quem seria eu sem os meus eus?

A “minha querida mamã”, Maria Madalena, nasceu nos Açores. Como foi ela quem me ensinou a escrever, nada mais justo do que lhe ter dedicado os meus primeiros versos, que redigi aos sete anos. O meu pai, Joaquim Pessoa, nasceu em Lisboa, mas não o conheci bem – a tuberculose levou-o quando eu tinha apenas cinco anos. Em 1896, a minha mãe e eu fomos para Durban, para o pé do meu padrasto, João Rosa, mas, nove anos depois, regressei a Lisboa, para não mais de lá sair. Era Lisboa que me inspirava, era Lisboa que me acolhia, no seu seio materno e caloroso. Aí, tentei abrir a empresa Íbis, que não durou mais de um ano, com a herança da minha falecida avó Dionísia (que sempre me assustou, com a sua mente conturbada).

O emprego com que fiquei foi o de correspondente estrangeiro em casas comerciais, vulgo, tradutor. E que rico emprego, que me dava tempo para escrever, escrever muito, escrever sobre a tragédia da existência, sobre a ilusão, sobre a vida, sobre a morte, enfim, escrever sobre o que me ia na alma. Escusado será dizer que escrever sempre foi a minha paixão. Por falar em paixões, namoradas só tive uma, Ofélia Queiroz. Era boa menina a Ofélinha, mas eu vim ao mundo para “ser sozinho”, como já dizia Álvaro de Campos num dos seus (ou dos meus) poemas.

Sozinho é como quem diz, só o era quando queria. Mudava muitas vezes de casa, sem esquecer a minha arca com os papéis onde escrevia, e tanto vivia sozinho como acompanhado. Amigos tinha muitos, gostava de trocar correspondência com eles, de ir aos cafés, ou, cá para nós, de lhes pedir algum dinheiro, quando o que tinha não chegava para as minhas coleções de roupa e de livros. Por muito que eu gostasse da minha própria companhia, custava-me vê-los partir, como foi o caso de Mário de Sá-Carneiro, que me deixou cedo demais.

Enfim, fui um homem pacato, modesto e sereno, mas bom humor não me faltava, nem mesmo durante as minhas crises depressivas. Morri em 1935, da forma como me sentia bem: sozinho, em Lisboa, vítima do álcool, que me acompanhou durante toda a minha vida. Deixei--vos muitas recordações, muitas folhas, muitas obras, muitas pessoas, que, em vida, não me deram o reconhecimento com o qual sempre sonhei. De mim, resta apenas a minha alma, que vos fala agora. A finitude humana não nos deixa ser nada se não isso mesmo: nada. O que importa é viver cada momento e não perder tempo com questões existenciais, que apenas nos trazem angústia, revolta e nada mais. Celebrai a vida: a felicidade está onde não a vemos.

Fontes: Casa Fernando Pessoa; reportagem Grandes Portugueses – Fernando Pessoa

Maria Fontão (12ºC)



Autobiografia de Fernando Pessoa

Nasci a 13 de junho de 1888, no dia de Santo António, padroeiro de Lisboa, do qual advém o meu nome, Fernando António Nogueira Pessoa.

Passei a minha infância com minha mãe, Maria Madalena Pinheiro Nogueira, que sabia falar francês, inglês e tocar vários instrumentos musicais. Meu pai, Joaquim de Seabra Pessoa, que escrevia críticas musicais, morreu numa madrugada de 1893, quando eu tinha apenas 5 anos, devido à fatal doença dos pulmões, também conhecida como tuberculose.

Pouco tempo depois, minha mãe volta a casar com o comandante João Miguel Rosa que posteriormente foi destacado na África do Sul como cônsul português em Durban. Foi por essa altura que nasceu o meu primeiro “eu”, Chevalier de Pas, que viria a fazer parte de “uma múltipla rede de muitos eus”.

Em 1896, a minha família e eu partimos para a nossa nova vida desconhecida em África.

Acredito que suplantei as expectativas que as pessoas tinham em relação à minha presença na escola, tendo atingido um alto nível de prestígio no meu percurso enquanto aluno. Sempre me inspirei nos mestres da literatura inglesa como Shakespeare, Edgar Allan Poe e John Milton. Durante a minha adolescência, estes grandes nomes proporcionaram-me um refúgio muito apreciado e estimado.

Quando chegou a altura de entrar para uma faculdade, decidi candidatar-me a Oxford ou Cambridge. Embora tivesse a nota de admissão mais alta, não obtive uma bolsa académica, porque não cumpria o mísero requisito de ter frequentado uma escola inglesa.

Depois deste acontecimento, decidi regressar definitivamente a Portugal com apenas 17 anos.

Ingressei no Curso Superior de Letras da Universidade de Lisboa, mas rapidamente desisti devido à falta de interesse que despertava em mim. Não era algo que me desafiava e, por essa mesma razão, não encontrei motivos para continuar.

Para mim, ser escritor não é uma profissão, é a minha forma de estar na vida. Enquanto dedicava parte do meu tempo a escrever poemas, decidi, também, começar a trabalhar como tradutor de correspondência comercial, ou como muitos chamam, "correspondente estrangeiro". Esta é uma ocupação magnífica uma vez que considero o inglês uma das minhas línguas principais.

Agora, que reflito sobre o meu passado, verifico que o meu lar é, na verdade, a cidade de Lisboa. Durante toda a minha vida, vivi em quartos e casas alugadas, sem assentar em lado algum. Para ser franco, apenas necessitava do meu baú e dos meus escritos.

O isolamento era imprescindível para a minha escrita, contudo não suportava quando este isolamento era imposto por outros - cabia à minha pessoa decidir quando seriam os meus momentos de solidão.

Enamorei-me por Ofélia Queiroz, mas, devido à minha personalidade tumultuosa e temperamental, não nos mantivemos juntos por muito tempo.

Ao longo dos anos, fui publicando alguns textos em revistas e jornais portugueses ou estrangeiros e comecei a idealizar os meus outros “eus”. Cuido que os mais emblemáticos tenham sido um trio: Alberto Caeiro, o poeta bucólico, Ricardo Reis, o poeta clássico, e Álvaro de Campos, o poeta da Modernidade.

Sempre que tinha oportunidade escrevia o que me vinha à cabeça, mas verifico que o momento predileto era a noite, enquanto redigia de pé.

Ao examinar a minha vida, constato que tive bons amigos que me acompanharam, tal como, Mário de Sá-Carneiro e Almada Negreiros, com os quais também, em tempos, trabalhei.

Muitos podem não saber, mas desenvolvi um grande interesse pela astrologia, sendo que dediquei algum do meu tempo à criação de horóscopos e cartas astrológicas.

Sei que é um mau hábito, porém desfruto regularmente de um bom tabaco e absinto para me ajudar a escrever e a ultrapassar os dias mais difíceis.

É com grande pesar que me despeço, nestes momentos finais da minha existência, da pátria que me amparou durante toda a minha vida. Hoje, dia 30 de novembro de 1935, parto com uma mensagem final: "I know not what tomorrow will bring".

Matilde Carvalho (12ºC)