quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

 

Lá, atrás ou à frente

Lá, o ódio e a raiva

Destruiram e venceram;

A vida foi brutalmente

Ameaçada e muitos morreram.

Lá, o egoísmo e o racismo

Fomentaram o atentado

E o extermínio racial

Ideológico e de tudo!

Lá, Homens como tu

Plantaram campos de dor,

Nenhuma estrela listada

Conseguia fugir ao predador.

Aqui, a liberdade luta,

O amor une e prolifera,

A dignidade vigora...

Parece uma longínqua era!

Aqui, tu que vives

Sem medo e atarefado,

Nunca esqueças e sempre

Recorda este sofrido passado.

Aqui, tão longe, tão perto,

Escreve-se amargamente

Este episódio bárbaro.

Que não se repita, lá, à frente!

                                                       Marina Peixoto, 12ºD


Hoje…

Lembro-me, desde que tenho memória, de acordar neste dia de forma diferente. Os meus pais acordavam-nos com um poema, um excerto de um livro ou com uma música que nos fizesse recordar este dia. Porquê? – perguntávamos nós. Porque não se pode esquecer o que aconteceu – respondiam os pais - para que não volte a acontecer. Durante muito tempo, enquanto pequenita, não percebia bem. Mas também não tinha de perceber. Só tinha de saber que algo horrível tinha acontecido. A tradição continuou na geração seguinte da família e os pequenitos e jovens de hoje têm também direito a um acordar diferente. Curiosamente, desde há alguns anos, neste dia, por proposta da ONU, faz-se esta memória. Como professora, costumo começar cada aula de cada turma, neste dia, com um poema ou um excerto de um livro (porque os pais não me deixaram esquecer…). Hoje, estamos em casa. Deixo, por aqui, aquilo que leria na sala de aula.

 

Se isto é um homemde Primo Levi

Vós que viveis tranquilos

Nas vossas casas aquecidas,

Vós que encontrais regressando à noite

Comida quente e rostos amigos:

              Considerai se isto é um homem

              Quem trabalha na lama

              Quem não conhece paz

              Quem luta por meio pão

              Quem morre por um sim ou por um não.

              Considerai se isto é uma mulher,

              Sem cabelos e sem nome

              Sem mais força para recordar

              Vazios os olhos e frio o regaço

              Como uma rã no Inverno.

Meditai que isto aconteceu:

Recomendo-vos estas palavras.

Esculpi-as no vosso coração

Estando em casa andando pela rua,

Ao deitar-vos e ao levantar-vos;

Repeti-as aos vossos filhos.

              Ou então que desmorone a vossa casa,

              Que a doença vos entreve,

              Que os vossos filhos vos virem a cara.

 

                                            Não esqueçamos! Margarida Corsino

ps. como sugestão: amanhã, dia 28, na rtp2, às 22:48h, Debaixo do Céu. 


O HOLOCAUSTO OU MEMOSHOÁ

Neste ano, passaram 76 anos desde que a Humanidade ficou chocada com a revelação do que foi o Holocausto Nazi. Por isso, lembramos mais uma vez esta realidade histórica, para que não se repita!

Foi a 27 de janeiro de 1945, nos finais da 2ª Guerra Mundial, que as tropas russas, pertencentes aos Aliados, libertaram Auschwitz-Birkenau (Polónia), o maior e um dos mais conhecidos campos de concentração nazis. Nele ainda encontraram vestígios do que foi o horror do Holocausto! Um dos maiores atentados aos mais básicos Direitos Humanos!

              Este atentado aos mais básicos Direitos Humanos começou a ter mais impacto na década de 1930, uma década de crise para a Europa. Quando, quem aparecesse com discursos populistas, atraentes, de salvador da pátria e de limpeza dos parasitas, conseguia mobilizar massas de apoiantes!

Ontem, como hoje, líderes que dizem o que as pessoas gostam de ouvir são levados ao poder através de processos democráticos ou por apatia e indiferença da maioria. Propagam, em nome do bem de um pequeno número, a exclusão de muitos outros, através de discursos de ódio, estrategicamente pensados, elaborados, encenados e propagados… Discursos que enfatizam a ameaça ao conforto egoísta de uns poucos, pela disponibilidade do mínimo de dignidade humana a muitos outros.

Um deles foi Adolf Hitler. Este chegou ao poder em 1933 como chanceler da Alemanha e, ressentido pela humilhação do Tratado de Versalhes, prometeu “rasgar” o tratado internacional, elevar a Alemanha à categoria de grande nação - “A grande Alemanha” e limpar a raça ariana. Esta, considerada por ele e pelos seus apoiantes, uma raça superior, criadora de toda a cultura da Humanidade e que tinha sido vítima da influência de grupos degenerados. Ele e todo o aparelho nazi comprometem-se em “limpar” a pureza da raça ariana, levando à prática a vocação da Grande Alemanha como dominadora do mundo na conquista do seu “Espaço Vital”. Lançaram assim o Mundo numa segunda guerra mundial.

  A negação dos Direitos Humanos foi levada ao extremo na Alemanha com o racismo, apoiado no “Espírito Volkisch” e na teoria de ciência genética que defendia a criação de uma raça superior através da reprodução seletiva e da eliminação dos mais fracos.

  O racismo alemão foi particularmente violento em relação aos judeus, configurando um dos maiores e melhor organizados genocídios da História da Humanidade, que infelizmente não foi o único, nem o último... Os judeus, excluídos da cidadania, impedidos da prática de qualquer profissão, isolados socialmente, proibidos de casarem com arianos e de frequentarem locais públicos, foram obrigados a usar a estrela de David na roupa, para serem facilmente identificados. Numa fase posterior acabaram por ser levados para guetos e daí para campos de concentração - os campos da morte ou alguns, de extermínio.

  No período da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), o aparelho nazi deportou primeiro da Alemanha e depois dos territórios ocupados, milhões de pessoas que usou como mão-de-obra grátis até à exaustão, ao serviço do Estado Nazi.

 Quando não serviam para trabalhar, eram enviados para campos de extermínio, onde eram eliminados: judeus, opositores políticos, Romi (vulgarmente chamados de ciganos), deficientes, homossexuais e todos aqueles que, de algum modo, se opunham ao regime nazi, ou simplesmente, procuravam prestar ajuda humanitária aos perseguidos.

  Auschwitz (Polónia) foi o campo de concentração mais conhecido da era nazi. Para este e para outros campos, foram transportados milhões de pessoas em vagões de comboio, sem quaisquer condições e sem saberem que destino as esperava.

  Quando os vagões chegavam aos campos, as pessoas eram separadas por filas: umas de mulheres, outras de homens e, ainda, outras de crianças. As que ainda serviam para trabalhar, eram exploradas e torturadas pelo trabalho árduo em minas, pedreiras (exemplo de Mauthausen – Áustria), construção ou até nas grandes fábricas, consideradas os apoios do regime nazi. As outras eram mortas de imediato nas câmaras de gás.

  De seguida, os seus corpos eram reduzidos a cinzas em fornos crematórios.

 Inúmeros foram, também, os fuzilados e os enforcados. De destacar os que pereceram pela ação dos Einsatzgruppen (tropas especiais das SS treinadas para fuzilamentos em massa e que acompanhavam o exército alemão nos territórios ocupados durante a 2ª Guerra Mundial, principalmente ativos no Leste europeu). Humilhados, eram mortos a sangue frio, em condições degradantes e, atirados de imediato para valas inundadas de morte e de horror.

Nos campos de concentração nazis, graças a estranhas engenharias, foram inventadas formas diversificadas para matar seres humanos e, principalmente a partir da Conferência de Wannsee em 20 de janeiro de 1942, foram criados os campos de extermínio para aquilo a que os nazis chamaram “A solução final do problema judaico”.

Nos campos, alguns prisioneiros eram submetidos a experiências horrendas, como as do doutor Mengel, conhecido como o “Anjo da morte” pelo sofrimento que infligia às suas vítimas. Eram também os prisioneiros que eram obrigados a executar as mais horríveis tarefas, na seleção, marcação com um número, gaseamento, cremação das pessoas mortas.

Aos prisioneiros era retirado tudo… liberdade, nome, roupa, dentes, cabelo, dignidade e por fim… a vida…

Os prisioneiros eram identificados com números tatuados na pele ou nos uniformes - os tristemente conhecidos “pijamas às riscas” e eram amontoados em dormitórios apinhados e sem condições mínimas de qualquer tipo ou então, eram deixados a morrer ao frio, à fome e de doenças.

A 27 de janeiro de 1945, as tropas russas pertencentes aos Aliados, libertaram Auschwitz-Birkenau, abrindo aos portas para o Mundo poder ver os vestígios da atrocidade do que foi apelidado de “Solução final” pela máquina nazi. Um cenário de horror até perder de vista…

De Sobibor, Majdanek, Belzec, Treblinka, Chelmo, Mauthausen, Teresin, Auschwitz…. Temos as evidências que nos levam a questionar, como foi possível, tal barbaridade?

 Do passado vêm cerca de 10 milhões de gritos de esperança!

Para relembrar estes milhões de vítimas, a Assembleia Geral da ONU instituiu em 2005, o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto e de Outros Genocídios, que se relembra a cada ano a 27 de janeiro.

Podia ser outro dia, mas algum dia tinha de ser… Pois a memória é curta se não for renovada constantemente…Desaparece, é negada ou adulterada!

Pois, não podemos desfazer a História, já aconteceu… Mas devemos conhecê-la, refletir sobre ela e evitar que voltem a acontecer situações como esta, em nome do nosso egoísmo e comodismo… Ou simples desconhecimento e indiferença!

Conhece, ajuda a conhecer o que aconteceu e evita que tal se repita!

Não alinhes em discursos de ódio, que te prometem o bem-estar em nome do não respeito pelos outros, porque… Ontem foram eles… Hoje são eles… Mas, amanhã podes ser tu…. E/ou os teus entes mais queridos!

 Prof. Paula Dias