sexta-feira, 22 de janeiro de 2021


 Regressámos a casa. Ontem, de um modo diferente.

Para nela permanecer. Porque nos é pedido.

Porque sabemos que faz sentido.

Numa distância que procura fazer-se presença.


A Marina Peixoto, deixando-se tocar por este momento,

deixa-nos uma "nova desabitação",

 na continuação da que havia escrito no ano passado. 

Aqui ficam.


“Nova Desabitação”

Foram e com medo voltaram

Para ti, livre amparo

Aprisionador e confuso.

Pensavas que já tinhas

Sofrido tudo, mas sabendo

Desconhecidamente, forte

E veloz, ele tem vencido.

Temes o futuro e o tempo

E a paz e a vida e o mundo.

Cegamente permaneces, e,

Com raiva dos inconscientes,

Vês a desgraça e a tristeza.

Desta vez vai ser diferente…

Os que acolhes, miserável,

Cresceram, mudaram, sentiram

Na alma cada fatalidade,

Revoltaram-se… evoluíram!

Isolado e desarmado, luta

Com toda a responsabilidade!

 

[Abaixo, podemos recordar a primeira parte:]


“Desabitação”

Lar confortável, nosso abrigo

Caloroso, acolhedor, são,

Agora aborrecido, tens

Como nunca outrora tiveste

Companhia frágil e confusa.

Estás com medo, sem saber,

Deste mortífero fantasma,

Receias que te vença, impotente!

O mundo paralisou e tu vês,

Cansado, o peso sufocante

Do tempo eternamente lento.

Já o antigo esplendor colorido

Nasce, brilha e esperançoso

Morre na janela da rua.

“Vai ficar tudo bem!” – desejas,

Exausto desta prisão imunda

Em que inimaginavelmente

Te tornaste, livre amparo

Da agitada vida humana!

                              Marina Peixoto (12ºD)