quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

 

Porque hoje é sábado (20 fevereiro)

Chuva, novamente muita chuva neste penúltimo sábado de fevereiro, o mês dos afetos, das mimosas que ainda não floriram, das camélias que vão caindo com o peso de tanta água, e das magnólias, essas sim, sempre lindas, de pétalas brancas, rosa ou amarelas.

E continuamos confinados. Confinamento que, com chuva e frio, convida a ler ou a jogar. Escolhi ler e escrever precisamente para partilhar o que li sobre o lado bom dos jogos, sobretudo dos videojogos e uma pequena reflexão.

Todos sabemos que passar demasiado tempo em frente ao ecrã não é bom, que os jogos podem desencadear dependência e até propiciar distúrbios que podem ser considerados doença.

Segundo a OMS, a partir de 2022, os distúrbios com videojogos passam a ser classificados como doença mental, rara até ao momento, pois para entrar na categoria de doença terá de comportar uma falta de controlo crescente ao longo de um período superior a 12 meses, com falta de sono e irritabilidade. Ou seja, quando os videojogos deixam de ajudar a fugir ao stresse e passam a ser a sua causa.

Vários especialistas afirmam, a partir de estudos com base em inquéritos a milhares de jogadores, que  sentimentos de competência e conexão social propiciados pelos jogos, ajudam a relaxar. Outros mostram que as pessoas que mais se divertem, reportam níveis superiores de bem-estar.

Parece também poder concluir-se que jogos online que juntam milhares de pessoas em simultâneo, como é o caso do conhecido Fortnite, permitem aliviar sintomas de ansiedade.

Estudos mais antigos já relatavam benefícios ao nível da memória e alívio da dor. Os videojogos têm sido, desde 2010, usados em programas de neuropsicologia para reduzir a ansiedade face à dor crónica, para melhorar o défice de atenção dos jovens e de pacientes com alzheimer.

Claro que, sobretudo quando falamos de jovens, é preciso saber usá-los com MODERAÇÃO e, da parte dos pais, estarem atentos a sinais de dependência.

Mas em plena pandemia, os videojogos são, muitas vezes, um escape aos desafios ou ao tédio do dia a dia.

  


E agora as minhas reflexões.

 Foi com videojogos que os meus filhos aprenderam inglês, geografia, matemática, artes, mitologia, cultura geral, no fundo, com famosos CD-ROM como: Magic School Bus, SimCity, Hugo, Civilization, Age of Empires, Myst, Lara Croft, entre tantos outros!

            


Agora, já adultos, é um gosto ouvi-los a rir às gargalhadas ou a discutir calorosamente opções/soluções, um em Paris, outro em Amesterdão ou na Ilha do Homem e, como não pode deixar de ser, um ou outro “shit” à mistura!!

Também foi graças aos videojogos que conseguimos alguma tranquilidade no dia a dia de uma tia com alzheimer.

Ainda no mês passado, recordo um grupo de alunos que, depois de uma manhã de aulas e antes de regressar a casa, se juntavam na biblioteca para se distraírem e relaxarem com uma espécie de Trivial nos seus smartphones.

E, mais recentemente, soube de uma família em que pais, filhos e avó, se tornaram quase viciados em jogos como o Cluedo e o Monopólio virtual!

Critica-se frequentemente o facto de os jovens passarem muito tempo nos jogos, criarem dependência e gostarem de jogos violentos, mas eu recordo que antigamente, na minha aldeia, quantas vezes os homens não passavam horas e horas, noite dentro, às vezes, nas tabernas e na “Casa Social” a bater a bisca na mesa, a beber, gritar, insultar e oferecer porrada (o que não raro  acontecia mesmo!).

O jogo sempre fez parte da vida: na rua, no café, nas salas de jogos, na escola ou em casa, usando as mãos, os pés, bolas, cartas, dados, tabuleiro, tablet, consola, computador ou smartphone…

A procura do gozo, do prazer, do desafio, é, como diz o poeta, “uma constante da vida”.

Vai um joguinho?

Rosa Sousa