Quando entro na escola...
Quando saio de casa para ir para a escola
São
oito em ponto
Verifico
se deixei tudo pronto
Caminho
para a escola, lentamente
Sinto
a brisa fria no meu olhar ainda sonolento.
Piso
o elevador sempre com o pé direito
Desço
cada andar enquanto me olho ao espelho, imperfeito
A
porta finalmente abre-se e encontro uma vizinha
Mulher
bela, dócil, trabalhadora e pequenina.
Sigo
o meu caminho, sem olhar para trás
Com
os auriculares nos ouvidos, ouvindo a música que me traz paz
E
cada passo que dou sinto-me mais livre enquanto o sol me irradia
Devo
dizer que é nesse momento que começa verdadeiramente o meu dia.
Passo
por lojas e cafés
Alguns
fechados, outros abertos e, às vezes, ponho lá os pés
Com
a minha voz, um pouco rouca, exclamo: "Bom dia Senhor Zé! "
E
ele serve-me o delicioso pão com manteiga e um aconchegante café.
Deparo-me
com as horas, estou um pouco atrasada
Deixo
um pouco do café e despeço-me
de forma rápida
Retomo
o meu caminho, já curto…
Admiro
as árvores e ouço o cantar dos pássaros.
Finalmente
chego, após esta longa, curta caminhada
Vejo
os meus amigos, entro bem focada
Respiro
fundo e ajeito a minha camisola
E
agradeço, por mais um dia de escola.
Sara
Pereira, 12.°A
Um
universo chamado escola
São
oito horas e trinta minutos de uma manhã de inverno, chuvosa e ventosa. A minha
mãe deixa-me à porta da escola para que apanhe o mínimo de chuva possível. É
como uma galinha a proteger o seu pintainho, com a sua grande asa toda
ensopada.
Entro na escola após passar o cartão, atravesso o pátio, e, olho em
redor. As flores, que outrora tinham uma cor vibrante e que libertavam aromas
deliciosos, estão agora despidas. O mesmo acontece com as árvores. Aquelas que
nos abrigavam, com as suas enormes copas, do sol intenso, precisam agora de
casacos para combaterem o inverno. É triste o inverno, e empresta essa tristeza
à escola.
Quando atinjo o átrio da escola, penso e acho que não tenho lugar para
mim. Aquele átrio que em tempos solarengos estava vazio, pois toda a gente
queria aproveitar ao máximo o exterior, está, agora, completamente lotado.
Parecem sardinhas numa lata demasiado pequena. Conversas, gritos, sussurros,
gargalhadas, criam melodias confusas e um pouco desafinadas.
Mas o que mais me intriga numa chegada à escola é a variedade de
expressões que podemos observar. A ansiedade estampada no rosto dos mais novos
por entrarem numa escola nova. E a revolta dos “mais velhos” por ali estarem,
logo de manhã, parece uma tortura. Mas há, ainda, a felicidade daqueles que
sabem que vão aprender, que vão crescer!
Maria
João Barros, 12.ºB
Cartão de entrada
A caminho da escola instala-se um silêncio
ensurdecedor durante um percurso curto, embora pareça demorar uma eternidade. À
medida que este vai chegando ao fim, pelas janelas vejo uma profunda vontade de
cá não estar, uma sensação de obrigação e tédio intenso entre os passeios desta
querida escola. Saio, e o peso do ar esmaga! É um peso que cansa e abafa, sem
qualquer hipótese de fugir. Uma entrada melancólica, morta e de certo modo
depressiva. Ao passar pelo portão, intensificam-se os pequenos murmúrios fracos
e baixinhos num tom lento e vagaroso e eu sou acompanhado pelos rostos fechados
e sem emoção.
O tempo para o toque começa a apertar e à medida
que vou subindo, vejo, sinto e ouço um subtil, embora facilmente notável,
aumento de vontade. Há vida entre as paredes brancas, pálidas e
entediantes que nos rodeiam. Há convívio, há diálogos e há sorrisos. Será esta
a mudança de ares pela qual esperámos desesperadamente todas as manhãs? Diante de
toda aquela soturnidade, vê-se esperança, uma brisa que refresca, ainda que o
frio do inverno continue instalado.
Desaparece por completo o silêncio e bruscamente fixa-se um
desejo verdadeiro de cá estar. Há caras cheias e com paixão, e de repente tudo
muda. A tão perturbadora hora do toque finalmente chega. Aí vê-se a diferença.
Uns mantêm o entusiasmo e a vida entre os seus, outros retornam à palidez dos
muros. É essa a diferença que um professor de bom espírito faz.
Rúben Amorim, 12.ºB