sexta-feira, 26 de junho de 2020

26.junho.2020 - último dia de aulas!!!


(D)Escrever este ano


O desafio veio na última semana de aulas da disciplina de Matemática A – (D)Escrever este ano. Entre conteúdos da disciplina e outras aprendizagens, a professora convidava-nos a percorrer o ano letivo que agora termina. Aceitei-o.

Este ano foi sobretudo marcado pela evolução, a todos os níveis. O sublinhar de valores como a responsabilidade, o dever, a autonomia. Valores que desde sempre tiveram bastante destaque na minha vida, mas que agora mais do que nunca, são cada vez mais acentuados.

Na primeira aula de matemática do ano letivo, a senhora professora colocou-nos, de imediato, um desafio bastante interessante mas também exigente. Devo confessar que, quando me sentei com o objetivo de escrever o mail com o tema que havia sido proposto (imaginar o que digo à professora em 2029, quando a encontrar aqui à porta da escola, 10 anos depois de ser minha professora) senti-me um pouco perdida. Não porque não tivesse objetivos, dado que, desde sempre, no que toca ao meu futuro fui muito determinada e exigente, tentando de modo gradual descobrir o que realmente quero para mim, mas porque, por mais queiramos, a vida nunca nos oferece o rumo que seria de prever. Há certamente inúmeros tropeços que nos vão trocando as voltas. No entanto, quando comecei, percebi que independentemente de tudo o que era incerto, eu sabia o que queria e o quanto pretendia e pretendo esforçar-me para atingir o tão desejado futuro.

Um dos momentos que também ficaram bem marcados na minha cabeça foi a altura em que, a pedido da professora, entraram 3 alunos do 11ºano na nossa sala, com o intuito de partilhar connosco a sua evolução durante o 10ºano, acabando por nos transmitir alguns conselhos de como deveríamos estudar de uma forma verdadeira. É sempre bom ouvir opiniões de alguém que já decalcou o caminho que nos diz respeito agora atravessar. Aquilo que despertou em mim foi, de um certo modo, admiração. Admiração porque estava a ver 3 pessoas que se conseguiram superar e empenhar para atingir os seus objetivos. Eu, estando a começar o 10º ano, carregava comigo algumas inseguranças, mas fiquei com a certeza que queria, tal como eles, evoluir e olhar para todo o ano letivo e perceber que progredi e que todas as dificuldades que foram surgindo, também elas foram superadas.
Entretanto, começamos a lecionar os conteúdos do 10ºano de Matemática, dos quais gostei bastante. Foi uma superação diária. O estudo constante e dedicado, o cumprir dos deveres, realizando sempre o trabalho proposto.

Além de perceber que tudo se trata de empenho, estudo e determinação, também entendi que a observação é muito importante quando nos deparamos com um exercício, a leitura atenta é fundamental e a chave para nos apercebermos de pequenos pormenores que mudam tudo. Por falar em pormenores, percebi que estes fazem toda a diferença em Matemática, toda…

Foram várias as aprendizagens, desde o olhar atento e perceber que tudo é tão mais fácil quando depositamos a nossa atenção. Por exemplo, agora, quando olho para uma escolha múltipla vejo-a com outros olhos uma vez que normalmente são bastante curiosas e levam-nos sempre a pensar sobre elas.
Uma das atividades que foram realizadas durante o ano foi a vinda de duas professoras de Matemática da UMinho à nossa escola com o intuito de nos desafiarem com alguns problemas sobre lógica. Simplesmente adorei…. Consegui realizar alguns exercícios de dificuldade máxima o que também me pôs à prova. Mas o mais interessante foi mesmo trabalhar com a lógica e o quão revelador de um modo positivo se tornou.

Este foi decisivamente um ano de aquisição de inúmeros conhecimentos, desde os conteúdos respeitantes ao programa de Matemática de 10ºano que durante o 1º e grande parte do 2º períodos foram abordados na escola e a na restante parte do ano letivo, à distância. Também essas aprendizagens são essenciais à nossa vida e ao nosso desenvolvimento.

Perante esta situação que estamos a atravessar, e tendo em conta como foi desafiante e complexo adaptarmo-nos, creio que também nós, enquanto seres, fomos desafiados. A nível de Matemática, é visível um grande esforço por parte da professora, que foi realizando vídeos para conseguirmos compreender o conteúdo, o que se tornou interessante pois, no meu caso, me levou a sentir novamente dentro na escola, na minha cadeira, a ouvir e participar na aula. Também o facto de todos os dias, após o envio das nossas tarefas, a professora responder com resoluções bastante detalhadas, o que a meu ver, se revelou fundamental à aprendizagem, tal como o feedback que era dado que, do mesmo modo, nos orientava para, enquanto alunos, conseguirmos promover uma autocorreção e, assim, podermos melhorar. Foi sem dúvida um desafio à autonomia e esforcei-me ao máximo para corresponder com os objetivos propostos.

Matemática, como todos sabemos, é uma disciplina fundamental na nossa vida. Em vários momentos da mesma podemos observar e respirar matemática, algo que também durante este ano letivo percebi. Foi bom mudar, estar disposta a mais exigência e senti uma grande diferença mas positiva, muito positiva. O 10ºano trouxe-me gosto pela Matemática, mas tudo também tem a ver de um modo intrínseco com quem está do outro lado e, diariamente, se esforça para nos ensinar, cujo papel também foi muito determinante e fundamental. Posto isto, posso dizer que gostei de abordar todos os conteúdos de Matemática A, claro que se foram manifestando algumas dificuldades mas considero que é normal, uma vez que se tornaram meios para uma evolução gradual.

Cristiana Rodrigues (10ºB)

terça-feira, 23 de junho de 2020

23.junho.2020


Afinal, o que é a Vida?

 
Afinal, o que é a Vida?

Esta trivial lasca de existência

que perece e acaba vencida.

De onde vem toda a sua eminência?

 
Afinal, o que é a Vida?

Uma franzina e desamparada menina

que pelo génio do Mal foi corrompida

e de repente não obstina…

 
Afinal, o que é a Vida?

Este embate de comoções,

esta entidade tão incompreendida

que só deixa um rasto, como o dos aviões.

 
Talvez ninguém enxergue

 para que serve esta efémera passagem;

talvez este seja apenas um albergue,

dentre uma longa viagem…
                                                  Maria João Fontão (11ºC)

domingo, 21 de junho de 2020

21 de junho de 2020


O distanciamento dos acontecimentos leva-nos, por vezes, a esquecer aquilo que, nalgum momento, parecia tão importante. Olhando à volta, nesta fase de desconfinamento gradual, o ritmo tão acelerado da nossa vida parece retomar-se e corremos o risco de deixar para trás os bons propósitos feitos numa altura em que, efetivamente tínhamos percebido o que é essencial nas nossas vidas.  
Neste próximos dias, a equipa do Preto no Branco online publicará algumas reflexões críticas escritas durante o período de confinamento na disciplina de Filosofia. 


COVID-19 - esta é a doença do século que resulta das palavras “Corona”, “Vírus” e “Doença” com indicação do ano em que surgiu (2019).
Esta enfermidade causada pela infeção do coronavírus SARS-CoV-2 teve origem na China no final do ano transato e desde então tem-se alastrado rapidamente pelos vários países do mundo.
No início, quando o vírus ainda estava em território chinês, ninguém se importou com a gravidade desta moléstia. “Só acontece com os outros!”. “Não é nada comigo!”. “A mim nada se apega!”. “Já passei por coisas piores!”. “A China é do outro lado do mundo, não chega aqui!”. A maioria pensava assim e estavam demasiado preocupados com o carro novo que viram no stand, com a aparência, com a nova coleção de inverno que acabara de sair, com a moda, com a publicidade e o marketing que nos bombardeiam todos os minutos para que compremos mais e mais, com as redes sociais, com a popularidade, com o número de likes e seguidores, em fazer piadas com a desgraça daqueles que estavam no começo de meses muito complicados, com o seu “próprio nariz”.
Mas qual não foi o espanto quando ele começou a espalhar-se como um mancha de sangue pelo mundo inteiro e o problema deixou de ser a China. “Ninguém levou o vírus a sério”, os países europeus relaxaram-se demasiado e tomaram providências tardiamente e algumas delas insuficientes e a Europa é agora o centro da pandemia global.
Tudo isto me deixa triste. Triste pela inconsciência dos humanos, pelos milhares de mortos, pelos inocentes, indefesos e desprotegidos.
Tudo isto me deixa preocupada. Preocupada com o que virá, com o meu, o nosso e o futuro de todas as pessoas, com os idosos e todos aqueles que são mais vulneráveis e fazem parte do grupo de risco, com as empresas que não se conseguirão manter de pé, com os profissionais de saúde que estão a ficar exaustos, com a falta de meios para apoiar todos os doentes, com a economia do país que vai “tremer” muito e com o nosso Sistema Nacional de Saúde que é bastante débil.
Tudo isto me deixa com medo. Medo que o vírus chegue aqui, que os meus amigos, familiares e pessoas mais próximas contraiam esta doença e com pavor do desconhecido e prejuízos que o coronavírus causou, está a causar e causará.
Mas também tenho esperança e fé de que tudo isto vai melhorar, vai ser apenas uma memória e que, em conjunto, os países vão conseguir descobrir uma vacina eficaz.
Atualmente, a população está em isolamento social, principalmente naqueles países que não tomaram medidas tão rapidamente nem com tanta firmeza, e a maioria, embora me deixe angustiada e revoltada não ser toda, está a cumprir. O nosso comportamento e a forma como agimos são importantíssimos para sermos capazes de lutar contra este detestável, cruel, odioso, demoníaco vírus e, como disse uma professora minha, “obriga-nos a estar atentos, a sermos solidários e a olharmos para os outros como se fôssemos nós”.
Contudo, existe sempre o reverso da medalha e, por isso, nem tudo é mau. Este tempo que ultrapassamos é um balde de água fria que está a acordar muita gente. Fá-las entender, incluindo eu de um certo modo, o quão importante é um beijo, um abraço, o toque, a presença física, o convívio, os amigos, a família, a interação, as brincadeiras, o lazer, a partilha, a liberdade, a saúde, a paz, a estabilidade,… Imensos cidadãos estão a abrir os olhos e a perceber que o dinheiro não é tudo, que a roupa e os ténis de marca não impedem de contrair esta doença e que os likes, os seguidores, o estatuto, todo isto não nos salva, porque o vírus não escolhe idades, géneros, classes sociais e raças. E, neste tempo em que quase todos estão em casa, as nações devem refletir, analisar o seu modo de viver e agir e pensar na importância que todos aqueles que, mesmo assim, se levantam cedo e vão trabalhar, colocando a sua própria vida em risco, para que o mundo não pare e, com isto, refiro-me não só aos médicos, enfermeiros e auxiliares de saúde, mas também aos polícias, aos GNRs, aos funcionários dos supermercados, aos farmacêuticos.
O mundo está em suspenso e a Humanidade está mais unida do que nunca por uma grande causa, por isso, vamos ser “um por todos e todos por um” neste combate doloroso e cansativo que vivemos.  

 Marina Peixoto 11º C

quarta-feira, 17 de junho de 2020

aepl 17.junho.2020

O distanciamento dos acontecimentos leva-nos, por vezes, a esquecer aquilo que, nalgum momento, parecia tão importante. Olhando à volta, nesta fase de desconfinamento gradual, o ritmo tão acelerado da nossa vida parece retomar-se e corremos o risco de deixar para trás os bons propósitos feitos numa altura em que, efetivamente tínhamos percebido o que é essencial nas nossas vidas.  
Neste próximos dias, a equipa do Preto no Branco online publicará algumas reflexões críticas escritas durante o período de confinamento na disciplina de Filosofia. 



Prioridades… supérfluas ou necessárias?
Nos dias de hoje, as verdadeiras necessidades têm sido substituídas por outras de caráter falso. Estas últimas surgem em resposta ao elevado consumo que a sociedade atual enfrenta.
Numa época em que cada vez mais se tenta reduzir o uso de plástico, o consumismo supérfluo nada contribui para esta causa, dado que os produtos necessitam de plástico para serem embalados. Isto em relação ao ambiente, que tanto devemos estimar de forma a assegurar às gerações vindouras as necessidades básicas, como o simples facto de possuírem água potável.
Bem, relativamente a um outro ponto, um assunto que agora tem preenchido em demasia os telejornais é a pandemia do novo coronavírus. De facto, agora que o país se encontra em estado de emergência com o intuito de minimizar o risco de contágio entre a população, apenas temos permissão para sair de casa para nos dirigirmos ao banco, aos correios ou ao centro de saúde, realizar pequenos passeios, executar a atividade profissional, fazer assistência a familiares e, ainda, a aquisição de bens de primeira necessidade. É, aqui, que a dúvida surge. O que são bens de primeira necessidade?- perguntam aqueles que semanalmente adquirem produtos que em nada são essenciais, mas que lhes parece conferir uma espécie de conforto.
E se a febre do consumismo supérfluo desaparecesse de vez, o que aconteceria?
A meu ver, se isso acontecesse, os ditos consumistas teriam tempo para reconsiderarem os seus interesses, até aí fúteis, e repensarem naquilo que é realmente importante nas suas vidas, como por exemplo:
Viajar, (…agora tenhamos calma!...) ou simplesmente passear com a família e amigos é algo que pode ser dispendioso, mas que traz inúmeros benefícios. Viajar permite-nos expandir horizontes, conhecer novas pessoas, e acima de tudo, colecionar memórias. Ao estarmos longe da nossa casa e do nosso trabalho, a dita zona de conforto, desafiamo-nos a nós próprios e é assim que somos capazes de crescer e de desenvolver as nossas habilidades.
Também, a cultura, por meio da arte, de tradições e costumes de um determinado povo, revela, de igual forma, extrema importância para a sociedade.
A arte, por exemplo, como o teatro, a música, a dança..., permite que as pessoas aperfeiçoem a sua noção de estética e sensibilidade e que desenvolvam a sua criatividade. A arte tem uma influência construtiva da sociedade, estando presente em todo o mundo.
Arte significa disciplina, implica dedicação e sacrifício, daí que nem todos se entreguem a ela.
Por isso, sim, investir em cultura é investir em nós próprios, é um investimento que potencia um crescimento do nosso conhecimento e nos permite “realizar tudo o que na realidade a vida recusa ao homem”, como diria o exímio Goethe.
Por outro lado, é expectável que a economia seja afetada. Assim, caso as pessoas ponham de lado o consumismo supérfluo, as lojas, os seus fornecedores e fabricantes dos bens que seriam comprados sofreriam com a falta de compradores.
Desta forma, as empresas que inicialmente estariam a produzir os produtos que normalmente seriam escoados começariam a acarretar despesas que não veriam reembolsadas. Esse prejuízo poderia levar eventualmente ao desemprego de alguns trabalhadores ou até à falência de empresas, pondo em causa o bem-estar de várias famílias que, em muitas das vezes, dedicaram a sua vida àquele trabalho e que com o salário mensal viam asseguradas as suas necessidades básicas.
Em suma, penso que se deixasse realmente de acontecer um consumismo exacerbado, o mundo ficaria um lugar melhor, em que as pessoas tinham plena consciência de quais deveriam ser as suas prioridades, embora isto acarretasse desvantagens para a economia global. Sinto, igualmente, uma necessidade de refletirmos e compreendermos que não é preciso a febre do consumismo supérfluo desaparecer para tomarmos atitudes preponderantes na nossa sociedade. É preciso compreender verdadeiramente que aquilo que levamos da vida são os momentos que passamos com aqueles que mais amamos e todas as experiências culturais que temos a oportunidade de vivenciar.
Miguel Almeida 11º C



domingo, 14 de junho de 2020

aepl 14 junho 2020

O distanciamento dos acontecimentos leva-nos, por vezes, a esquecer aquilo que, nalgum momento, parecia tão importante. Olhando à volta, nesta fase de desconfinamento gradual, o ritmo tão acelerado da nossa vida parece retomar-se e corremos o risco de deixar para trás os bons propósitos feitos numa altura em que, efetivamente tínhamos percebido o que é essencial nas nossas vidas.  
Neste próximos dias, a equipa do Preto no Branco online publicará algumas reflexões críticas escritas durante o período de confinamento na disciplina de Filosofia. 




Atualmente, vivemos num momento catastrófico da vida humana, sendo que, até esta pode estar em risco de extinção se pensarmos em todos os cenários possíveis. Como tudo na vida, apesar das inúmeras consequências nefastas causadas pela pandemia, podemos também refletir sobre os impactes positivos que provoca.
 Covid-19, o assunto mais falado no momento em toda as redes sociais, causa ao redor do mundo, um terrível rastro de sangue por todos aqueles que infeta, obrigando a que milhões de pessoas se mantenham em casa, evitando a interação social. A doença que causa a separação das famílias e uma morte lenta e dolorosa marcada por dificuldades respiratórias.  Apesar de tudo isto, os ambientalistas afirmam que todo este sofrimento e morte se refletem num impacte extremamente positivo no planeta.
 Devido ao isolamento e aos estados de emergência decretados pelos países, a nível industrial, houve uma considerável diminuição no que toca à produção e como consequência, uma redução da emissão de gases poluentes, diminuindo o efeito de estufa. Para além disto, esta pandemia pode ser uma maneira de mudar os hábitos da população que está estritamente ligada ao elevado consumismo.  A população ao ter a própria vida em risco, reflete sobre as suas verdadeiras prioridades, descartando alguns dos hábitos que tinha antigamente, como por exemplo, passar grande parte do seu tempo nos shoppings, quando não necessitam verdadeiramente de algo. A mudança deste terrível hábito resultará numa diminuição do consumismo e numa melhor gestão do tempo de cada individuo que, deste modo, terá maior disponibilidade para realizar o que realmente importa, como o desenvolvimento do seu intelecto e conviver com amigos e família.
 Concluindo, esperamos que toda este sofrimento sirva de algum modo para mudar os ideais e a maneira de pensar das pessoas. Espero que no futuro, sempre que pensam nesta terrível catástrofe que está a acontecer, reflitam sobre o tempo irrecuperável que estão a desperdiçar da sua vida em coisas totalmente insignificantes que não enriquecem de qualquer modo o indivíduo, como é o caso do consumismo exacerbado.

 Fábio Rodrigues (11º C) 


terça-feira, 9 de junho de 2020

9 junho 2020 - TIC e os nossos tempos...


As TIC e...


                                                                                                        in milvus.com.br



Estamos habituados a ver a aplicação de tecnologia em tudo. Os alunos do 11ºD, na disciplina de Geografia A, foram convidados a olhar esta aplicação neste momento concreto. 

Vamos ver as suas conclusões? Basta ir aqui




segunda-feira, 1 de junho de 2020

aepl.estetempo 1.junho.2020

Hoje, terminamos a publicação das páginas dos nossos diários. Foi uma boa maneira de colocarmos em comum aquilo que íamos vivendo. Afinal, nenhum homem é uma ilha e todos contamos uns para os outros e uns com os outros para viver.
Agradecemos a todos os que connosco partilharam as suas páginas. Não podemos deixar de o fazer, de modo especial, à Maria João Fontão e à Marina Peixoto pela fidelidade a este projeto e pela forma como nos foram contando os seus dias.
Assim, aqui ficam as últimas páginas dos diários d’este tempo.




Segunda-feira, 1 de junho de 2020
Querido diário,

Estamos, hoje, no septuagésimo oitavo dia de quarentena.
Mal me foi proposto criar um diário de quarentena, achei a ideia complicada – primeiro, porque os meus dias eram muito repetitivos no período de isolamento; depois, quando resolvi abordar diferentes temas, em vez da minha rotina, achei que não conseguiria encontrar um tema diferente para cada dia. A verdade é que esta experiência me surpreendeu bastante, pela positiva. Sempre gostei muito de escrever, mas nunca encontrava um motivo para o fazer, nem ideias para tal – e este desafio foi a minha motivação para isso.
Escrever este diário desenvolveu a minha capacidade de transmitir as minhas ideias (principalmente críticas), que antes ficavam apenas soltas na minha imaginação. Consegui encontrar, finalmente, um motivo para escrever e, agora, sinto que realmente gosto de o fazer. Em todas as suas formas, a escrita pode aliviar emoções e retirar alguma da pressão que constantemente sentimos em nós – ao longo destes meses, cada página que te escrevi foi uma espécie de pausa da rotina cansativa da quarentena, onde podia refletir comigo mesmo sobre vários temas atuais.
Hoje, acaba esta jornada, mas aprendi muito com ela. Talvez, daqui a uns tempos, volte a escrever-te. Até um dia…
Maria João Fontão (11ºC)



Querido diário,

Hoje comemora-se o Dia da Criança. É um dia especial no qual se homenageiam todas as crianças, mas em específico, o facto de elas, independentemente da cor, raça, religião, origem social, terem direito a receber afeto, amor, carinho, proteção, abrigo, alimentação, cuidados de saúde, educação e crescer num ambiente de paz e fraternidade.
É bem evidente o facto de muitas crianças ao redor do mundo não usufruírem destes e muitos outros direitos que eu referi. Algo muito injusto, cruel e desumano.
Contudo, apesar deste simbolismo muito importante, a comemoração deste dia também nos faz lembrar da criança que há em nós, na nossa alma e no nosso coração. Lá no fundo nunca deixamos de ser aquela criança divertida, cheia de energia, feliz e inocente.
Quero apesar disto, dar-te uma notícia menos boa. Hoje termina esta jornada longa. Esta experiência maravilhosa de escrever sobre algo do meu dia ou sobre um tema que me marcou vai findar hoje. Vai ser o último dia das publicações dos diários no jornal da escola “Preto no Branco”. Foi ótimo ler todas as noites as rotinas de outros alunos e as suas reflexões. Apesar disto, tentarei escrever-te sempre porque és um bom amigo, um ótimo ouvinte e um excelente libertador.
“Toda a criança é um tipo de flor e juntas fazem este mundo um belo jardim!”
“Segure a mão da criança que há dentro de si. Para ela nada é impossível!”

Marina Peixoto (11ºD)




Dia 27 (1 de junho de 2020)
Querido diário,

Passados dois meses e meio desde que te comecei a escrever, chegou o último dia. E que dia especial é este - o dia mundial da criança. Hoje celebra-se a felicidade no seu estado mais puro.
Ainda há uma criança dentro de mim que me faz querer questionar tudo e todos e só espero que continue viva por muitos mais anos. E porque as crianças são o futuro, hoje celebra-se isso mesmo, também. Que o futuro seja repleto de sonhos concretizados!
Obrigado, querido diário, por me acompanhares nesta longa caminhada! Termino, neste dia especial, com um excerto de um poema que tanto aprecio de António Gedeão.
“Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida.
Que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança.”               

Miguel Almeida. (11ºC)




Um permanente convite à viagem para dentro e fora de nós foi o espaço estetempo, todas as noites publicado pela equipa do Preto no Branco online. estetempo foi o percorrer o espaço da aprendizagem fora e, ultimamente para alguns, dentro do portão da escola. Foi o caminho com a família. Foi o trilho da amizade.
Mas também foi o mergulharmos no que há de mais íntimo em cada um de nós.  Foi deixar passar a caneta da expressão ou o teclar da emoção. Foi vestirmo-nos com estetempo despindo-nos das fragilidades e das contingências. Foi aprender a presentear-nos com ganhar tempo gastando tempo. Foi o caminhar no viver de um tempo que não queríamos como se, como comumente estamos habituados a fazer, o pudéssemos excluir ou melhor o pudéssemos não viver. Mas desta vez não foi assim. Este tempo lembrou-nos que não somos donos do tempo nem das coisas nem de quase nada.
Nós queremos sempre TER e, se possível, muito. Estamos “bem” quando temos  tudo à nossa maneira , ao nosso gosto e principalmente quando  tudo está de acordo com a nossa vontade… mas este tempo veio lembrar-nos que  temos de  aceitar,  que temos de  saber acolher, que temos de aprender a  viver no tempo que nos é dado com o que nos é dado.

Maria de Lurdes Silva



Este tempo… dia 80
1.Junho.2020

No final destas linhas, este caderno fechar-se-á. Um dia, voltarei a ele e (re)lerei este tempo. Se calhar com um outro olhar – aquele que ganhamos quando nos afastamos das coisas. Espero não esquecer o que ganhei n’este tempo – a certeza do que é essencial. A certeza do que é que basta. A certeza de quanto fazem falta os pequenos gestos, aqueles que, de tão (aparentemente) banais, pareço não valorizar.
N’este tempo foram tão claros estes movimentos de entrar em nós para podermos sair. E, engraçado, sair com tanto cuidado e tantos cuidados ao encontro dos outros. Assim, agora, estaremos prontos. Depois de termos estado connosco mesmos (ainda que por obrigação), estamos disponíveis para sair ao encontro de todos os lugares humanos.
Fecho o caderno e…
Margarida Corsino